[VIENA 2015, porque não?] Sérvia

O PAÍS

Република Србија, para nós a República da Sérvia, encontra-se no sudeste da Europa, na região balcânica. Tem como vizinhos: a oeste a Bósnia-Herzegovina; a sudoeste o Montenegro; a noroeste a Croácia; ao sul a A.R.J. da Macedónia, Albânia e o Kosovo; a leste a Bulgária e a Roménia e a norte a Hungria. Apesar de não ter costa marítima, está ligada ao Mar Negro através do Rio Danúbio. A sua História começa no século I a.C. quando o seu território é incorporado na província romana da Mésia. No século VII, foi invadida pelos sérvios, que eram um povo eslavo da Galícia (Europa Central). Eram um povo diferente pois converteram-se ao cristianismo bizantino, por volta de 875, e pela adoção do alfabeto cirílico, surgia assim o Estado Sérvio. Entre os séculos XI e finais do século XII, surgiu o Reino da Sérvia. Em 1346, Estêvão IV Duchan estabeleceu o Império Sérvio, que se desintegrou e foi tomado pelos turcos otomanos, depois da histórica batalha do Kosovo, ou (Kôssovo Poliê, "Campo dos Melros"), em 1389. Rapidamente toda a região foi-se tornando otomana, tendo-se libertado destes em 1878, aquando do tratado de Berlin (acordado entre as principais potências europeias e o Império Otomano, onde se declarava a independência não só da Sérvia, mas também da Roménia, do Montenegro e a autonomia da Bulgária, entre outras coisas,…). A 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império Austro-Húngaro foi assassinado, em Sarajevo, por Gavrilo Princip, um sindicalista sul-eslavo, súbdito austríaco e membro da organização Jovem Bósnia. Imediatamente o Império Austro-Húngaro enviou o Ultimato de Julho, ou o Ultimato Austro-Húngaro ao Reino da Sérvia, que foi quase aceite na totalidade, mas a sua não aceitação a 100%, despoletou uma severa punição, a sua invasão e consecutivamente uma motivação maior para um conflito armado à escala mundial, a I Grande Guerra. Envolvidos no conflito estava o Tríplice Entente (Aliados) contra o Tríplice Aliança (Impérios Centrais – Alemanha, Áustria- Hungria, Bulgária, Império Otomano, entre outros…). O 11 de Novembro de 1918, ficou assinalado como o final da I Guerra Mundial (Dia do Armistício). Os Aliados saíram vencedores, desapareciam assim os grandes Impérios Alemão, Russo, Otomano e Austro-Húngaro, nascendo novos países na Europa e no Oriente Médio. Houve também uma transferência das colónias alemãs e das regiões do antigo Império Otomano para outras potências, foi também criada a Sociedade das Nações (estabelecida na I Parte do Tratado de Versalhes, de 28 de Junho de 1929).

A 1 de Dezembro de 1918, foi proclamado um novo reino, o Reino da Jugoslávia, que durou até 1941, governado pela dinastia real sérvia dos Karadjordjevicque. O seu território englobava não só a Sérvia actual, como também a República da Macedónia, o Montenegro, a Bósnia-Herzegovina e uma parte da Croácia e da Eslovénia. A 25 de Março de 1941, após a assinatura do Pacto Tripartite, pelo Príncipe Regente Paulo, atirou o Reino da Jugoslávia para a II Grande Guerra, apesar das grandes manifestações em Belgrado e do golpe de estado de 27 de Março de 1941. A 6 de Abril, as tropas nazis bombardearam Belgrado e invadiram toda a Jugoslávia, dividindo-a entre o Eixo (nações inimigas dos Aliados).

No final da II Guerra Mundial, em 1945, a Sérvia foi constituída como uma das unidades federais da segunda Jugoslávia, a República Socialista Federativa da Jugoslávia, liderada pelo Tito até a sua morte, em 1980. O poder unificador de Tito conseguiu manter a união do país, apesar das diferenças étnicas consideradas, através de sua ideologia titoísta (uma forma mais branda de regime socialista e pela oposição à URSS de Estaline). Após a morte de Tito aumentaram os problemas e a possibilidade da desintegração da Jugoslávia começou a aterrorizar os sérvios e a sua nacionalidade. O Kosovo foi uma das regiões pioneiras e a querer a independência, mas com a subida ao poder de Slobodan Milošević e o reacender da nacionalidade sérvia a união manteve-se mas fragilizada. Este governou a Sérvia de 1989-1997 e a República Federal da Jugoslávia de 1997-2000.

Entre 1991 e 2001, as tensões que provinham da composição multiétnica aumentaram e deram lugar a grandes conflitos internos (Guerra Civil Jugoslava), o ideal de uma “Grande Sérvia”, levou a que muitos combatentes sérvios se juntassem à causa e lutassem contra todos os não-sérvios e as regiões que queriam a separação (Croácia, Eslovénia, Bósnia, Kosovo, Macedónia). Durante este período diversos genocídios foram praticados na região, matando milhares de pessoas, lentamente uma a uma das regiões foram-se tornando independentes. A queda de Milošević levou ao fim do isolamento internacional imposto à Sérvia durante os anos 90 e os governantes que lhe seguiram começaram a piscar o olho à UE, mas as tentativas para a adesão sofreram alguns contratempos pela recusa em entregar alguns criminosos de guerra ao Tribunal de Haia, como por exemplo o líder sérvio Radovan Karadžić.

Entre 2003 e 2006, a Sérvia integrou o Estado da Sérvia e Montenegro, até à independência deste último, depois da realização de um referendo a 21 de maio de 2006.

Atualmente é um país em crescimento, mas ainda com muitas sequelas provocadas por todos os conflitos do Século XX. Uma adesão à UE ajudaria muito este país, mas até lá inúmeras mudanças têm de ser realizadas até ser um estado membro de pleno direito e ganhar a sua estrela na União. Ao longo dos tempos inúmeras personalidades elevaram o nome deste país, tais como: Novak Djokovic (tenista e vencedor do torneio Wimbledon 2014, número 1 no ranking em 2011, entre outros); Lukijan Musicki (figura religiosa, autor e poeta do século VIII e XIX); Mihailo Markovic (filósofo e fundador da Escola Praxis, um movimento humanista marxista); Vojislav Ilic (poeta do século XIX, autor da obra “Pesme”, entre outras); Svetozar Gligorić (lenda do xadrez, considerado o melhor jogador sérvio de sempre); Marco Huck (boxer, detentor de inúmeros títulos mundiais neste desporto); Bora Todorovic (actor famoso na região dos Balcãs); Maya Matievich (reconhecida pianista); entre muitos outros.


PERCURSO NA EUROVISÃO

E no ESC como tem sido o percurso deste país? Pois, na verdade, este país participa desde 1961, mas incorporado na República Socialista Federativa da Jugoslávia até 1991, em 1992 integrado na República Federal da Jugoslávia e entre 2004 e 2006 como Sérvia e Montenegro. A partir de 2007 participa independente e logo no primeiro ano sagra-se vencedor com a canção “Molitva”, em Helsínquia.

Desde que participa como país independente, a Sérvia conseguiu chegar à Grande Final por 5 vezes, em 2012 chegou ao 3º lugar com o Željko Joksimović e a canção “Nije ljubav stvar” (já em 2004 o mesmo cantor quase deu a primeira vitória à Sérvia e Montenegro ao ficar em 2º com a sua inesquecível “Lane Moje”). Mas nem só de bons resultados se fez o percurso deste país, em 2009 e em 2012, o duo Marko Kon e Milaan e as Moje 3 não conseguiram convencer a Europa a levá-los à Final e ficaram nas suas semis.

Em 2014, alegando motivos monetários, não participou na Eurovisão, mas já anunciou o regresso para 2015 para tentar uma nova vitória, prometendo assim um Beosong (final nacional) muito forte.

Já venceu três Marcel Bezençon Awards, em 2004, o Press Award (Servia e Montenegro – “Lane Moje”), em 2007, o Artistic Award (Servia -“Molitva”) e em 2005, o Composer Award (Servia e Montenegro - “Zauvijek moja”, composta por Slaven Knezović e Milan Perić). Caso vença em Viena, duas arenas estão preparadas para receber o ESC, são elas: a Kombank Arena de Belgrado, antiga Belgrade Arena, sede do ESC 2008, e a Spens Sports Center de Novi Sad, Capital da Província Autónoma de Vojvodina.

EM 2015... PORQUE NÃO?

Quem deveria participar no Beosong 2015 e tentar levar a bandeira sérvia até Viena?

Boban Rajovic – Nascido em Copenhaga, mas a morar em Belgrado há muitos anos, é um cantor bastante conhecido na região e faz sucesso com o chamado “Balkan Pop” e também com Dance. Acho que seria interessante um Pop balcânico no ESC, mas desta vez pela Sérvia?



Ana Kokić – Cantora Pop e modelo, nascida em Belgrado em 1983, fez parte do grupo Energija e conta com bastantes sucessos na região. Uma canção mexida levada pelo país das grandes baladas balcânicas não seria uma má opção!



Daniel Djokic – Apesar de ser alemão, nasceu em Munique, é filho de sérvios e desde que iniciou a sua carreira sempre conseguiu chegar aos tops da Europa de Leste, especialmente dos Balcãs. Cantor de Pop e Dance-pop, mas também actor, já venceu alguns prémios não só na música, mas também na representação. Porque não deixar Los Angeles por uns tempos e levar as cores sérvias até à Áustria?



Dragana Mirkovic – É uma diva sérvia com grande sucesso em toda a região dos Balcãs. Nasceu na vila de Kasidol, em 1968. Na sua carreira conta já com mais de 20 álbuns lançados, inúmeros duetos e uma legião de fãs que enchem os seus concertos. Pop – folk, Turbo – folk e Folk estão sempre presentes nas suas músicas. Seria muito interessante ver a “Diva Sérvia” participar em Viena, além disso, estaria a cantar em casa, uma vez que mora lá desde que casou.



Aleksandra Radovic – Cantora Pop, Europop e R&B, com bastante sucesso nos Balcãs. Venceu já alguns prémios musicais, incluindo o segundo lugar no Sunčane skale Festival 2003.



Ceca – Nascida em 1973, em Žitorađa, é uma das cantoras mais famosas deste país. Cantora de Turbo folk e Pop folk com um longo historial musical. Abraçou também o mundo do futebol ao tornar-se Presidente do Clube FK Obilić, mas uma venda estranha de 15 jogadores, assim como a posse de armas levou-a a ter problemas com a justiça, acabando por ser condenada a um ano de prisão domiciliária e o pagamento de 1,5 milhões de euros. Teve uma breve carreira política, mas algumas discordâncias levaram-na a desistir. É Presidente da Fundação Humanitária “Third Child”, que angaria fundos para ajudar os sérvios no Kosovo e para as famílias numerosas, assim como fomentar o aumento da taxa da natalidade no país.



Slobodan Trkulja & Balkanopolis – Runner-up do Beovizija 2007 e actuaram durante o ESC 2008, em Belgrado. A sua forma de modernizar a música tradicional balcânica e o uso de muitos instrumentos tradicionais sérvios, seriam uma boa opção para voltar ao palco eurovisivo, mas agora para competir.



Milica Todorović – Nascida a 13 de Outubro de 1990, em Kruševac, é uma cantora de Turbo-Folk e Pop. Participante num programa de talentos no seu país, conheceu o sucesso ao ver algumas das sua canções se tornarem hits.



MC Yankoo – Nascido em Viena, mas a morar em Niš, é um cantor que tem imenso sucesso nos Balcãs e um pouco pelas pistas de dança espalhadas pelo Mundo, algumas das suas canções atingiram milhões de visualizações na internet. Seria uma aposta diferente, porque não tentar?



Bojana Stamenov – A Aretha Franklin sérvia, senhora de uma voz fantástica. Surgiu no programa Ja imam talenat! (season 3), mas apesar de ser uma finalista poderosa não venceu o programa. A hipótese de vir a participar no Beosong é grande, quem sabe não vai até ao palco eurovisivo.



Dee Jay Playa – Dj reconhecido não só na região como também em muitas discotecas na Europa. Com uma carreira promissora iniciada em 1993 e uma basta experiência no entretenimento e nas pistas de dança. Fez a sua formação musical nos EUA e é um dos Dj mais requisitado dos Balcãs. Com uma boa parceria seria uma aposta moderna e que agradaria e traria um público mais jovem ao ESC.



Marija Šerifović – A vencedora do ESC 2007 parece estar com grande vontade de regressar à Eurovisão e com uma canção do criador da “Molitva”, Vladimir Graic. E como se diz: “ em equipa vencedora não se mexe”, será que esta parceria vai funcionar novamente? Não sou muito favorável a um regresso dela, mas...



Ana Nikolić – Iniciou a sua carreira em 2003 e rapidamente encantou toda a região, vendendo milhões, tentou representar o seu país em 2006 e em 2009, mas não conseguiu, apesar de ser uma favorita. Transmite sempre uma grande sensualidade às suas canções, deveria voltar a tentar.

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Fonte e Imagem: ESCPortugal; Vídeos: YOUTUBE