[Olhares sobre o FC2019] Surma - Pugna



Intérprete(s): Surma
Tema: Pugna



André Moreira - A primeira vez que ouvi esta canção foi numa viagem de comboio e sorri do início ao fim, pelo seu arrojo, pela sua audácia, estrutura e letra. Entendi desde o primeiro instante que esta era a canção mais genuína, especial e impactante para mim. Senti, porém, que seria difícil de a executar ao vivo. Completamente às cegas do que ia acontecer, fui surpreendido a cada segundo da performance. Fiquei embasbacado, com um sentido de orgulho inigualável e até, vá, com aquela lágrima no canto do olho. "Pugna" é uma verdadeira revolução, em nome, em expansividade musical e em lírica. Rendido, profundamente!

12 pontos

Fábio Ventura - pug·na 
substantivo feminino
1. Combate; peleja; luta.
2. Briga.
3. Discussão, polémica.

A RTP pediu aos compositores que não saíssem do seu próprio Mundo e foi precisamente isso que a Débora, aka Surma, de 23 anos fez. Inicialmente intitulada “Hiroshima”, “Pugna” tem todo o universo “surmês” dentro dela: uma canção forte, com ondas escuras mas simultaneamente sonhadoras, com uma letra também ela fortíssima de várias ideologias e temas. Essa letra aborda a relação entre o “eu” e todo o universo que contém o ódio que hoje existe no mundo, e resulta da enorme dificuldade em entender quem somos, em perceber o que é real e o que é fantasia e o porquê de tantos obstáculos e discórdias na vida, daí o título da canção “Pugna”, discórdia, confronto. O título está também genialmente expresso na maneira como Surma se apresentou em palco, em tons muito claros em direto contraste com a indumentária negra que vestiu. Os bailarinos executaram na perfeição a canção e, tudo isto junto, resultou na grande surpresa da noite. Vinda de Leiria (a melhor cidade do país!), a arrojada Surma, tão fora da caixa, faz imensa falta ao Festival da Canção, que ainda está demasiado preso aos sons tradicionais e conservadores portugueses. Musicalmente falando, Surma irá disputar a vitória com o favorito da SF1. Será que o público conseguirá absorver o poderio desta proposta até lá? 

12 pontos

Hugo Sepúlveda - A surpresa da noite! Vá, os 12 do Júri para Surma também ninguém esperava! Que masterpiece de atuação! Pugna tinha tudo para correr muito bem ou muito mal. E assim foi! Surma proporcionou-nos um fantástico momento que marcou o festival! Pugna é uma canção eletrónica, alternativa que é difícil chegar a uma maioria, onde já a versão estúdio era criticada por ter palavras impercetíveis. Mas ao vivo ganhou toda uma nova vida, aliada a uma atuação bem pensada, onde até o coro desempenhou um papel um pouco mais além do que apoio vocal. Surma foi mais uma artista que mostrou que é possível fazer muito num palco tão pequeno. Foi a única que subiu no meu top. Dou-lhe 10, porque a música em si não me puxa, mas sim o conjunto como um todo.

10 pontos

João Diogo - Que momento! Nunca na minha vida pensei que um dia iria testemunhar uma canção deste calibre no Festival da Canção. Da melhor música alternativa que já alguma vez passou por uma final para a Eurovisão, complementada com uma apresentação em palco igualmente estranha mas cativante. É isto que se quer: compositores que não têm de medo de ser diferentes, de serem arrojados, de arriscarem. Qualquer que seja o estilo musical é possível tornar uma canção mais ou menos arrojada e agradeço profundamente à Surma por ter isso tão além. Não ficaria nada descontente se esta fosse a representante portuguesa na Eurovisão. Não sei se resultaria mas pelo menos não seriamos indiferentes a ninguém.

10 pontos

Nuno Carrilho - Provavelmente, a canção mais difícil de comentar desta edição... Não gosto nem um pouco de "Pugna", mas a sua presença no lote de participantes do Festival da Canção foi uma pedrada enorme no charco de canções a que estamos habituados a ter.  A atuação foi algo de indiscritivel... só batida mesmo pelo apuramento com a (muito) surpreendente pontuação máxima dos jurados. Acredito que estará na luta por um lugar na primeira metade da tabela em Portimão, mas deve estar fora da corrida por Telavive. No entanto, uma grande participação!

10 pontos

Patrícia Gargaté - Não me quero alongar muito sobre esta canção e espero que compreendam o que vou dizer. Era uma das propostas que me despertava mais curiosidade mas acabou por "morrer na praia", pelo menos para mim. A tentativa de performance artística, de fantasia, originalidade ou a forma que acharem melhor definir acabou por me deixar com uma sensação de desconforto, numa perspetiva (infelizmente) negativa. Cheguei a ficar incomodada ao ver a performance, que tinha tudo para ser brilhante mas que no final de contas não "me chegou". Se o objetivo era despertar sentimentos, conseguiu a 100%, só tenho pena que em mim tenha despertado algo menos positivo. Alienação, perturbação e inclusive loucura são algumas palavras que me fazem descrever este tema e a forma como se apresentou. Não me costumo fascinar por sentimentos negativos, daí esta minha apreciação. 

6 pontos

Pedro Fernandes - Surma foi, para mim, a grande surpresa da 2.ª Semifinal. Estava muito curioso para perceber como seria a performance tendo em conta todo o contexto em torno desta proposta bastante arrojada e diferente do que estamos habituados a ver no Festival da Canção, mas, é caso para dizer, um bom diferente. O staging esteve muito bem, particularmente as luzes. Estou positivamente espantado pelo júri ter-lhe atribuído os 12 pontos. Mereceu a passagem a Portimão e poderá lutar pelo pódio.

10 pontos

Ricardo Matias - Atrevo-me a dizer que esta é a canção mais alternativa que alguma vez foi apresentada ao Festival da Canção, ainda mais que Conan Osiris. Adorei sentir o universo da Surma durante a sua performance, que me fez levar a outras canções compostas pela própria. A coreografia dos bailarinos, o instrumental totalmente diferente do que costumamos ouvir nos dias de hoje, a própria interpretação e produção de voz da Surma, foram todos estes elementos que resultaram no 1º lugar do júri (ainda estou admirado pela positiva de tal acontecimento), e um lugar merecedor de uma final no Festival da Canção. Contudo, por ser demasiado alternativa para o público em geral (e talvez daí os 6 pontos), na minha opinião não acho que deva ir à Eurovisão.

10 pontos



Total: 80 pontos

2 comentários:

  1. PUGNA- É uma peça extra-festival, não é propriamente uma canção de concurso num festival, é teatro puro para ser visto em grupos de teatro como A Barraca, por exemplo. É uma afronta, uma provocação, digamos assim, a quem idealizou uma manifestação musical normal. Para mim vale 0 pontos porque é apenas um intervalo esquisito entre as restantes concorrentes.

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  2. O joao diogo tece os maiores elogios e depois dá 10 e nao 12 pontos. O Nuno carrilho pelo contrário mas também da 10. A patricia justifica bem o seu 6.

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