[Entrevista] Nuno Feist ao escportugal

Olá Nuno, como é que sente de volta no Festival da Canção (FC)?
Desde novo que acompanho o festival da canção e como sabem já tive a oportunidade de participar neste certame algumas vezes. É com um misto de entusiasmo e responsabilidade que encaro mais este desafio e não nego que é sempre bom estar de volta.

Contava com o convite da RTP este ano?
Nunca faço esse tipo de previsões. Fiquei muito contente e honrado com o convite e o que espero, como sempre, é dar o meu melhor com todo o empenho e profissionalismo que o festival merece.

Acha que o meio musical nacional vê com a devida atenção o mundo eurovisivo? Ainda é motivante para músicos consagrados participarem neste tipo de eventos?
Temos que aceitar que muita coisa mudou. O festival da canção e a própria eurovisão não são o fenómeno que juntava famílias inteiras em volta do televisor em noite de festival.
Penso que a questão não se deve colocar entre consagrados ou não mas sim numa oportunidade de apresentar bons talentos e boas propostas musicais. Se, temos que admitir, em alguns anos a qualidade apresentada não foi a melhor é natural que o público tenha tendência a desligar-se um pouco deste tipo de certames. Recuperar essa chama pode levar algum tempo, mas quero acreditar que isso será possível.
A promoção do evento é fundamental para que ele reconquiste o seu lugar de destaque como festa da música portuguesa e não posso deixar de enaltecer o vosso trabalho e de outros que como vocês não desistem. A música portuguesa tem de vos estar agradecida por isso.

Em 2007, “Além do sonho” ficou num honroso terceiro lugar. Contava com mais?
Acima de tudo a nossa aposta, quando constituímos a equipa, foi apresentar um trabalho de qualidade. Modéstia à parte e com respeito por todas as opiniões e gostos acho que o conseguimos. O que mais queríamos era apresentar qualidade e quanto a isso só tenho que agradecer a toda a equipa que vibrou do princípio até ao fim e deu o seu melhor para o resultado final.

A Vanessa é, mais uma vez, a escolha do Nuno. O que é que o fez convidá-la de novo?
A Vanessa é para mim, sem sombra de dúvida, uma das melhores vozes da nova geração. Acho que merece toda a nossa confiança e não hesitei em convidá-la de novo. A Vanessa, não desmerecendo ninguém, tem a garra, o profissionalismo e a qualidade que contribuem para que o festival da canção seja um certame de elevada qualidade e muito sinceramente é justo que tenha a sua oportunidade.

Uma vez que a equipa, grosso modo, se mantém este ano, seria de contar com a participação do Henrique. A opção de não o incluir tem que ver com ele ou com o tipo de projecto que está em produção?
Cada projecto é um projecto e em função das opções que se tomam há que ser muito objectivo e enquadrar da melhor forma tema e intérpretes. A carreira que o Henrique tem desenvolvido e o trabalho apresentado falam por si. Trata-se apenas de uma opção em função do projecto que apresentaremos este ano. Devo dizer aliás que o Henrique tem o maior respeito pelo festival da canção e há anos que o vejo vibrar com noites de eurovisão.

Já nos disse que não quer rotular o tema que compôs. E em relação à letra, pode-nos falar um pouco da letra: do que nos fala esta canção? Pode revelar o título?
Não quero de facto rotular o tema. Rotular um tema é como coloca-lo num “gueto”. Procuramos construir um tema que vá de encontro a todos os públicos e em que cada pessoa se possa rever nele a partir da sua própria vivência. Isso é o mais importante na comunicação. Não ser estanque e deixar espaço para o imaginário de cada um ou não fosse essa a essência de qualquer arte.
A letra procura ir ao encontro do outro lado da vida de cada um de nós. A força que todos temos. A capacidade de ir à luta e a determinação para nunca desistir.
Quanto ao título … “Do outro lado da vida”!

Em termos musicais podemos contar de novo com o brilho sonoro das cordas da guitarra portuguesa? Que instrumentos pontuam esta orquestração?
Espero que possam contar com o brilho sonoro de um bom tema.

Como é que a Vanessa nos vai surgir nos ecrãs? Estamos a falar de uma actuação centrada na intérprete ou vai ser uma actuação de grupo?
A intérprete é a Vanessa. Se a questão se prende com grandes encenações não partilho de algumas opiniões que acham que é por aí que lá vamos. Temos uma tradição musical e devemos ter orgulho nela. Portugal não tem que ir a reboque de tendências que pouco têm que ver com as nossas raízes musicais e de uma certa forma de estar.

Fala-se de um coro de vozes masculinas. Já nos pode avançar os nomes dessas vozes?
Assim que for oportuno.

Já ouviu algum dos temas seleccionados nos outros países europeus? Há algum tema que lhe agrade ou partilha da opinião, mais ou menos, generalizado que não estamos num ano forte?
Já ouvi todos os temas seleccionados até ao momento. A eurovisão nos moldes em que se encontra é mais difícil de fazer previsões do que acertar no número da lotaria. O certo é que os de sempre continuarão a votar nos do costume. Quantos aos temas que se conhecem até ao momento nada que me desperte qualquer entusiasmo.

O lugar inferior do pódio do festival começa a ser um lugar conhece bem. Este facto cria-lhe ansiedade?
A única coisa que me gera ansiedade é ter a certeza de que apresentamos um trabalho de qualidade. Os lugares do pódio podem querer dizer muito pouco.

Este ano o alinhamento do Festival da Canção conta com novos já conhecidos (como o Nuno, o Fernando, o Elvis e o Jan) e com outros menos mediáticos. Quais é que acha mais “perigosos” em termos competitivos: os “peso-pesados” ou os “novatos”?
Neste tipo de certames não existem perigosos, pesos pesados ou novatos. Existem profissionais. Depois há uma escolha que o público fará por televoto. A partir daí…

Como é que caracterizaria o trabalho realizado pela equipa do Emanuel após ter ganho o Festival da Canção 2007? Acha que isso aumentou as responsabilidades do futuro vencedor?
As responsabilidades do futuro vencedor continuam a ser as de sempre. Representar condignamente o nosso país e tentar uma passagem à final que nos escapa há já bastante tempo. Espero que este ano o futuro vencedor, quem quer que ele seja, o consiga.

Vencer este ano terá algum sabor a “vingança” depois das elevadas expectativas criadas em torno da sua produção em 2007?
Não procuro qualquer vingança porque não tenho nada de que me vingar. Desejo o melhor trabalho a todos os participantes e que todos possamos contribuir para o prestígio do festival da canção e da música portuguesa.
Se quiser essa é a nossa vingança. De todos os que participamos e defendemos a nossa língua, a nossa música e os nossos artistas.

Muito boa sorte e Obrigado!

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