[ENTREVISTA] ESC Portugal à conversa com Carlos Massa


Carlos Massa, o compositor de São os barcos de Lisboa está longe de ser um estreante nas lides do Festival da Canção. Este micaelense, que há 11 anos trocou os Açores pela capital tem, desde miúdo, o sonho de vencer o mais emblemático dos festivais nacionais. A primeira tentativa aconteceu em 2001, em nome próprio, mas ficou-se pela semifinal.

Em 2009 foi o responsável por Voar é ver, o tema defendido por Francisco Andrade, e que alcançou a segunda posição.

Desta vez vem para ganhar. Traz a lição estudada, - aprendeu com os erros das participações anteriores e o sonho de representar Portugal na Eurovisão bem vivo. E falou ao ESC Portugal da inspiração e da motivação para escrever esta homenagem à cidade de Lisboa.

ESC Portugal – Como é que surgiu este tema, São os barcos de Lisboa? O que é que te inspirou? Qual é a mensagem desta canção?

Carlos Massa (CM) - Bem, é um pouco como o Nuno [Norte] te contou. Esta canção nasce da minha vontade de homenagear a cidade de Lisboa, que me acolheu, quando cá cheguei, que me permitiu ultrapassar as dificuldades, sem me julgar nem me condenar, que me deu a oportunidade de me desenvolver, de fazer aquilo que é o meu sonho e a minha vocação. Escrever esta canção foi, exactamente uma forma de contemplar esta cidade esta magnifica cidade, que eu, não sendo lisboeta, - sou dos Açores, - sinto que é a minha cidade. E quando a estava a escrever, a dada altura, senti mesmo que tinha tido uma conversa com o Marquês de Pombal, e foi uma sensação incrível. E durante a conversa estava a imaginar os sons, os sons que estão dentro de nós, como portugueses, a nossa História, as coisas que temos que são só nossas, desde o fado ao cavalo lusitano, os monumentos, as praças. E acho que sinto que, no fundo, e de alguma forma, o Marquês de pombal ajudou-me a escrever a letra.

ESC Portugal – Não sendo um fado, tem muitas referências do fado…

CM – Sim, de facto o fado é a única música verdadeira portuguesa. Ao escrever sobre a capital do nosso país, obviamente tinha que ir buscar as raízes da nossa musicalidade, e depois fundir isso com outras referências, com outras coisas de que gosto. E, claro, depois pensei mais no Festival da Canção, e tentei dar-lhe uma outra roupagem. E quando falo em Festival da Canção é com todo o prazer que o digo. Eu levo o Festival da Canção muito a sério, muito a peito, porque cresci a ver o Festival, e vibrava com isto. E quando surgiu a oportunidade fiz sempre por dar o meu melhor. A nossa intenção, minha e do Nuno, não é participar por participar; a dar o nosso melhor, dar tudo o que temos, é fazer um trabalho honesto e com a consciência de que não fomos apenas passear. É um tema que fala da nossa realidade, do nosso país e do nosso povo, é uma coisa muito a sério. Estou muito orgulhoso do nosso trabalho e muito feliz.

Imagem: Carlos Massa

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