[ENTREVISTA] Ricardo Sousa responde ao ESC Portugal


ESC Portugal - Em 1999 o Ricardo participa no concurso da SIC, Chuva de Estrelas. Foi a sua primeira actuação perante uma grande audiência. Quais são as memórias mais marcantes que tem dessa experiência? E quão importante foi para a sua carreira musical posteriormente?

Ricardo Sousa (RS) - A memoria mais marcante é precisamente o momento da actuação. O Coliseu dos Recreios estava repleto, os nervos estavam á flor da pele e quando iniciamos a nossa música o publico estava na espectativa. Lembro-me perfeitamente que à medida que os quase 10 min de música se iam desenrolando, o publico ia-se envolvendo connosco. Algures a meio da canção senti a sua vibração e notei algumas pessoas de pé e até ao final foi um crescendo de emoções e á medida que recebia ainda lhes dava mais. Para mim foi memorável e penso que para o publico também foi um momento marcante e isso é que contou.
Esse momento fez-me crescer enquanto pessoa e enquanto músico mas nunca deixei de ser o mesmo que era, continuando a trabalhar com a mesma dedicação que sempre empreguei na música.



ESC Portugal - Embora longe do sucesso de outros tempos, o Festival da Canção continua a ser uma janela de oportunidade e uma rampa de lançamento importante no panorama musical português? Foi isso que o motivou a concorrer?

RS - Como já disse noutros momentos, o Festival RTP da Canção é história, e eu quero fazer parte dessa história.
A minha motivação para concorrer ao Festival foi a possibilidade de embarcar numa nova aventura. Claro que, embora sem a força de outros tempos, o Festival RTP da Canção continua a ser a maior montra em Portugal, para quem realmente ama a música.


ESC Portugal - Vai concorrer com alguns nomes consagrados e bem conhecidos do público português, e a sua participação não é apoiada por uma editora discográfica; considera esse facto uma desvantagem? Ou dá-lhe uma liberdade maior em termos criativos?

RS - Música é música e lá em cima do palco vamos ter todos a mesma arma: a interpretação.
Naquela noite quero deixar a todos os que me conhecem a confirmação da minha atitude perante a música e para todos os outros quero ser uma boa surpresa.


ESC Portugal - O seu tema, O mar, o vento e as estrelas, traz uma sonoridade bastante clássica e tradicional no que diz respeito ao Festival. Pode falar-nos um pouco da inspiração, das referências musicais e da mensagem desta canção?

RS - Melhor que eu, teriam de os autores da letra e da canção prenunciarem-se sobre a sua criação. Eu irei defender esta composição com toda a dignidade que merece. Considero que falar da coragem que os portugueses tiveram, deixando uma mensagem de esperança no que ao nosso povo diz respeito é uma excelente forma de, (aliada a uma melodia bastante interessante, marcada pela nossa guitarra e uns novos arranjos do Ramon Galarza) incutir a perseverança e empreendedorismo que neste momento Portugal tanto precisa.


ESC Portugal - Como é que está a ser preparada a sua apresentação em palco? Como é que o conceito da canção se vai traduzir em termos cénicos?

RS - Estamos a trabalhar com a RTP para que seja passada a nossa mensagem, ou seja é surpresa.


ESC Portugal - Tem estado atento à recepção da sua canção, nas redes sociais e fóruns, por parte do público? Que tipo de reacções tem recebido?

RS - Quando passo por alguns fóruns vou lendo alguns comentários, uns bastante interessantes e construtivos e outros nem por isso, mas é a opinião de quem me tem abordado na rua que me deixada com boas espectativas para o dia 5 de Março.


ESC Portugal - Acredita na possibilidade de vencer este Festival? Que características tem a sua canção para se tornar um potencial vencedora? Como é que vai, ao mesmo tempo, agradar aos júris e apelar ao televoto, quer em Portugal, quer na Europa?

RS - Claro! A nossa música, para além da mensagem que deve ser lida á luz do futuro, tem uma melodia fantástica e agora com os arranjos incríveis que lhe estão a ser feitos, não fica atrás de outras músicas que já se apresentaram neste Festival. Quanto ao televoto o facto de ser música tradicional portuguesa é um ponto de partida para apelar um voto a todos portugueses.


ESC Portugal - Já teve oportunidade de ouvir as outras canções finalistas do Festival da Canção? O que acha da qualidade geral dos temas a concurso? Qual é o seu mais forte concorrente?

RS - Considero que todas as músicas têm potências para vencer, que todas estão em pé de igualdade se bem que considero o poema da música de Wanda Stuart muito bom e a força dos Homens da Luta em palco é considerável.


ESC Portugal - E em relação às canções seleccionadas, até agora, nos outros países europeus? Alguma o chamou à atenção?

RS - Não tenho estado muito atento, mas gostei da música Italiana, uma boa interpretação com uma orquestra a tocar ao vivo que nos arrepia. A música de Inglaterra, é interpretada por uma banda de bastante qualidade com reconhecimento internacional


ESC Portugal - Portugal é um dos países que, há mais tempo, participa no Festival da Eurovisão sem ter alcançado uma vitória, ou sequer um lugar entre os cinco primeiros classificados. A que acha que se deve essa situação? É apenas uma questão política, agravada pela nossa localização periférica? Ou é o gosto musical dos portugueses que é demasiado diferente do resto da Europa?

RS - Eu penso que poderá ter a haver com o nosso gosto musical, temos sempre de pesar o que será interessante para nós, ter uma música que realmente nos orgulhe ou um tema para tentar fazer furor na Europa.


ESC Portugal - Em caso de ser o escolhido para representar Portugal, em Dusseldorf, como planeia promover a sua participação? Prevê a realização de uma digressão, ou de um vídeoclip, por exemplo?

RS - Para a minha participação cá em Portugal, desde a votação por email tenho andado a passar a mensagem quase de boca em boca. Se ganhar farei tudo para que me conheçam e ouçam a música que interpreto, por isso um vídeoclip é um bom ponto de partida, mas as relações publicas com o resto da Europa terão de funcionar para dar a conhecer o nosso trabalho.


ESC Portugal - Enquanto músico, acredita que há um segredo para o sucesso, ou uma fórmula para vencer o Festival?

RS - Uma boa música e uma excelente interpretação.


ESC Portugal - Ao nível da sua carreira musical, qual é o maior sonho que gostaria de ver realizado? E qual o seu próximo grande desafio?

RS - O meu maior sonho seria gravar um disco, com músicas e arranjos que tenham a ver comigo e fazer uma digressão pelo pais a mostrar esse trabalho.
O meu grande desafio é sempre uma incógnita, tudo o que aparecer para trabalhar tanto na música como a nível académico, eu estarei lá.


ESC Portugal - Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores do ESC Portugal?

RS - Caros amigos, dia 5 de março oiçam verdadeiramente as músicas a concurso, deixem alguma ideia pré concebida de lado, e abram o vosso coração á música e à interpretação. Se o fizerem isso é realmente o Festival da Canção.
Boas músicas!

Imagem: Ricardo Sousa

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