Olhares sobre o ESC2016: Ucrânia



Ucrânia
Intérprete(s): Jamala
Tema: 1944



André Moreira - Tudo começa pela inteligência do título: “1944” já é por si icónico. Depois do título vem Jamala e a sua voz absolutamente fora de série. O seu espectro vocal é imenso e denota-se que, embora 1944 seja um tema muito difícil de interpretar, Jamala tem de se conter imenso nas notas mais fáceis porque ela é capaz de muito mais. A composição é avassaladora e intensamente arrepiante. O mistério que o instrumental levanta, a obscuridade por detrás do tema e o humanismo que Jamala revela durante estes três intensos minutos, conferem a esta música a minha preferência entre todas as outras. “1944” arrepia-me, mesmo que a ouça em repetição uma tarde inteira. A proposta é fortíssima e representa um enorme regresso da Ucrânia que conquistará, na minha perspetiva, o primeiro lugar do júri e um ótimo lugar do televoto. Considero ainda que pode ganhar o certame.

12 pontos


André Pereira - Nunca gostei muito da música, mas até é bom ouvi-la. Tem um instrumental maravilhoso e a letra igualmente! O único problema é a cantora, pois tem uma voz que não me agrada muito e que estraga, para mim, a canção! Mas até foi um bom regresso… A Anastasiya e o Vlad mereciam estar no ESC16…

6 pontos

Daniel Fidalgo - A canção interpretada pela experiente Jamala marca um incrível regresso por parte da Ucrânia. Baseada no evento histórico (e não político) da deportação dos tártaros da Crimeia, ocorrido em 1944, a canção leva o ouvinte até à atmosfera arrepiante criada aquando do evento e entrega-lhe uma mensagem de terror que se materializa na letra da canção. Tudo isto assenta num estilo musical não muito específico, acompanhado de sonoridades que personificam o monstro da deportação. É, portanto, uma canção conceitual, que encontra a sua plenitude na espiritualidade e nos sentimentos. As emoções transmitidas pela voz da intérprete e a mensagem atemporal da canção são suficientes para tornar esta aposta numa forte candidata à vitória ou, pelo menos, para entrar na minha lista de músicas preferidas que já passaram pela Eurovisão.

12 pontos


Fabiana Silva - Jamala é, junto com Kaliopi, Sanja e Dami Im, uma das melhores artistas do Eurovision 2016. Ela tem simplesmente tudo: o vocal técnico e, ao mesmo tempo, emotivo, a expressividade, o carisma... Como “1944” é uma canção autoral e que conta uma história que realmente aconteceu com sua família, a ucraniana consegue levar a performance a outro nível, muito mais verossímil e emocionante. Contudo, por toda a polêmica do possível cunho político da letra e pelo suposto ataque disfarçado às políticas russas em relação à Crimeia, não acredito numa vitória da Ucrânia, mas sim em um top-10 mais do que merecido.

12 pontos


Hugo Sepúlveda - A Ucrânia está de volta ao certame e com uma aposta bastante forte. Jamala possui uma boa voz e nas atuações já demonstrou um óptimo controlo da mesma, segurando facilmente os agudos. Melodicamente, 1944 possui um instrumental simples, mas com um certo dramatismo inerente à emoção que a canção carrega. Através de uma letra facilmente compreensível, Jamala consegue transmitir uma mensagem tão sentida e pessoal de uma forma muito minimalista; o facto de ser bilingue só acrescenta valor à aposta da Ucrânia. Remetendo para um tema um pouco controverso, é uma aposta que pode, ou não, sofrer as suas consequências. A meu ver, é daquelas que se ou adora, ou se odeia, no entanto, sendo uma aposta tão pessoal, o ponto forte de toda atuação será a emoção sentida com que Jamala nos envolve.

12 pontos


João Diogo - A parte mais fraca de 1944 é o instrumental. A mistura dos sons tradicionais com sons modernos podia ter sido melhor aproveitada para tornar o instrumental mais rico e mais interessante. A canção ganha vida graças a Jamala. Vê-se que a história por detrás de 1944 a marca pessoalmente, pois Jamala canta com a alma. É graças a ela que este tema está tão bem cotado e é tão apreciado pela maioria dos fãs. Pessoalmente não me enche completamente as medidas, mas reconheço o talento de Jamala, apesar da voz nasalada não ser das minhas preferidas.

6 pontos

Nelson Costa - Uma das participações mais fortes do Festival Eurovisão 2016 e, sem dúvida, a letra com a mensagem mais séria e corajosa. Jamala traz a energia, o dramatismo e a melancolia que a letra pede, como a verdadeira porta-voz de tantas famílias que ficaram destroçadas da tragédia de 1944. Infelizmente, a mensagem é tão relevante e atual em 2016 se olharmos para as atrocidades que estão a acontecer em todo o mundo e particularmente nesta Europa que defende os valores humanistas, da paz e da prosperidade. Em palco, Jamala é real, é autêntica, consigo sentir a sua dor, o choro, enfim, o drama. Na canção, a voz sobressai, mas também se sente pop, R&B, soul, folk e étnico… numa fusão que só mesmo alguém muito criativo e genial como Jamala (que também é autora e compositora) consegue.

12 pontos

Patrícia Gargaté - Uma das propostas mais interessantes do ano novamente por parte da Ucrânia. Não aprecio o cunho político na Eurovisão mas este 1944 acaba por ser um dos meus temas preferidos também pela mensagem, não só da política do país mas também de todo o contexto mundial. A Jamala é uma excelente artista e uma performer espetacular e expressiva de uma maneira muito particular, de uma forma positiva. Dica para Estocolmo : manter o traço da performance.

12 pontos

Pedro Fernandes - Gosto da voz da Jamala, muito mesmo, mas a canção? Sinceramente não percebo tão boa aceitação... Percebo a carga emotiva que a letra tenha e acho que todos nós concordamos com o facto da Rússia não ser o país que mais respeita os direitos humanos, mas mesmo assim e não obstante, estamos a falar de canções e tenho muita pena que a Jamala não se apresente com um tema melhor que este. Leva 7 pontos, mas apenas pela grande voz da Jamala, caso contrário nem metade teria. Apesar disso, bem-vinda de volta Ucrânia!

7 pontos

Rui Ramos - A proposta com maior carga emocional subirá ao palco pela voz de Jamala, uma cantora que já há algum tempo eu desejava ver nos palcos da Eurovisão! '1944' está feito à medida e Jamala é a perfeição nesta música. Arrepia do início ao fim, capta a atenção de todos e ainda liberta ali um whistle... Ai, que poder! Nos tempos que correm, esta letra é sentida, é global. Não refere ninguém, não ataca ninguém mas atinge todos: opressores e oprimidos. Sentimos cada palavra de Jamala e a Jamala deixa toda a carga emocional no palco. E acrescentar em tártaro parte da letra é só a cereja em cima do bolo. Excelente regresso Ucrânia, top 10!

12 pontos

Sérgio Rego - Eis que finalmente a Ucrânia envia a talentosa Jamala e ainda por cima no regresso deste país após a ausência de um ano. Na minha opinião, esta cantora deveria ter vencido a final nacional ucraniana em 2011 com o seu excêntrico tema "Smile", penso mesmo que poderia ter vencido ou andado lá perto. Finalmente consegue ir à Eurovisão este ano com um tema dramático que prende e quase hipnotisa. "1944" fala sobre a deportação dos tártatos da Crimeira (um povo túrquico) para a Ásia Central, levada a cabo pelo Exército Vermelho. Um tema muito pessoal para Jamala (ela própria uma tártara da Crimeia), pois a sua avó foi deportada para o Quirguistão, onde Jamala nasceu. É talvez dos temas mais sérios este ano. A canção tem uma batida sombria e minimalista mas actual, que, aliada à voz única de Jamala, torna-se uma das canções favoritas deste ano. Gosto especialmente da parte final onde Jamala faz uma vocalização típica dos povos túrquicos. Podemos partir do princípio que a Ucrânia já tem um pézinho na final onde poderá mesmo chegar ao Top 5.

8 pontos


Total: 111 pontos

3 comentários:

  1. A vencedora do ESC2016

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  2. Este tema está fora de moda, ficaria melhor num arquivo com uma etiqueta a dizer "1 ano antes do armistício-1944" Não sei o que deu aos ucranianos para se decidirem por um tema destes. Se fosse eu o que queria mais ouvir seria algo que me alegrasse a alma e não que a afundasse mais no desespero.É fácil de perceber que se trata aqui de tentar criar espetáculo mas eu sinceramente não me sinto nada atraído por esta imagem de uma alma sombria que aparece a cantar uma ladainha numa voz chorada que pode contagiar as pedras da calçada mas a mim não. Dou-lhe 10 pontos pela representação e claro presença na final, pois também a incluí no meu top 10.

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    1. Aceito o teu ponto de vista, mas eu acho que a Eurovisão não é só festa, alegria e abanar das ancas!

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