[Entrevista] Evelyne fala ao EscPortugal


Foto: Facebook/Evelyne

ESCPortugal (EscP) - A Evelyne saltou para a ribalta do panorama musical português ao ser seleccionada para a terceira edição da Operação Triunfo. Em que medida é que essa experiência alterou a sua relação com a música e a preparou para os desafios que se seguiram?

Evelyne Filipe (EF) - A Operação Triunfo abriu-me muitas portas, foi o meu primeiro contacto com os palcos televisivos e com produções em maiores escalas. Permitiu-me apurar o ouvido e traçar um novo trajecto musical. Foi a reafirmação dos meus desejos…

EscP – Em 2008 fez parte da equipa que representou Portugal na Eurovisão, em Belgrado, fazendo parte do coro de Senhora do Mar. Qual a impressão mais marcante que essa participação lhe deixou?

EF -Tanta coisa me marcou… Absorvi tantos momentos, dos melhores aos piores e guardei-os no coração de forma única.
A melhor sensação de todas foi, com certeza, a de estar num palco de tão grande envergadura e tão cheio de simbolismos a ouvir “Portugal!” com bandeiras portuguesas a esvoaçarem.
O momento topo foi aquando a nomeação dos apurados para a final. Estávamos na Green Room e só faltava um país a ser seleccionado para a final, a apresentadora tinha perguntado quem é que o público achava que iria por último à final. Conseguiamos ouvir a multidão a gritar “Portugal”, aí sim, sentimos que o nosso trabalho tida sido compensado e que tínhamos conquistado corações. Quando a passagem se confirmou senti o chão tremer.

EscP – Em 2009 concorre, desta vez em nome próprio, ao Festival da canção, com uma balada – Como nós - escrita e interpretada por si, não sendo seleccionada para a fase final. Como é que encarou a exclusão do seu tema?

EF - Na altura foi muito difícil, o bichinho da Eurovisão ainda estava fresco e o sonho era gigantesco.
Mas como procuro sempre entender o que acontece á minha volta, decidi entrar em contacto com o Sr. José Brito para compreender o que tinha acontecido. Muito simpático, concedeu-me uma tarde da sua disponibilidade em Lisboa e percebi assim que nem sempre é fácil escolher tão poucas músicas com tantas e tão boas propostas.

EscP – Este ano volta a concorrer, novamente com uma balada, - A tua voz - com letra e interpretação da sua responsabilidade, apurando-se para a fase final do Festival. Quais são as grandes diferenças entre as duas participações?

EF - Há grandes diferenças, cada canção trás uma história, são produzidas por compositores diferentes e a minha interpretação ganhou maturidade para dar ênfase e criar um cenário digno dela.

EscP – A Evelyne tem consolidado a imagem de uma intérprete com grande versatilidade, dinamismo e alguma irreverência. Como explica a opção por baladas românticas, com um registo mais clássico?

EF - Desde os 15 anos faço palco e sempre me habituaram a cantar todo o género de música. O meu gosto musical varia devido ao meu amor pela musica. Tanto canto um pop, como um rock ou uma balada. No entanto, e devido á minha experiencia de vida, a dramatização dos temas mais calmos sempre me ajudaram a encontrar um equilíbrio e a exportar as minhas emoções de forma saudável. Há uma frase que me caracteriza muito em palco: “What you see is what you get” porque tudo o que vês é o que sinto, não me isolo em barreiras.

EscP – Como olha para a actual momento do Festival da Canção, tendo em conta a aposta, por parte da RTP, na inovação e no reavivar do prestígio do evento, feita nos últimos anos?

EF - Tenho pena que o público português tenha perdido interesse no FC, mas compreendo-o. No entanto, penso que não cabe á RTP reavivar o FC mas sim ás entidades competentes: Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, - os “Big Four”, - de encontrar uma forma mais justa de votação no ESC. Portugal é pequeno e Espanha é a nossa única vizinha, é muito difícil competir com países da ex Jugoslávia (por exemplo).

EscP – Quais são as suas expectativas para este Festival? Que resultado será considerado satisfatório?

EF - Não pretendo criar expectativas, neste momento trabalhar para criar uma boa performance é o nosso intuito. Um resultado satisfatório é um resultado justo, quero que Portugal seja representado pelo melhor.

EscP – Que avaliação faz, em termos globais, das várias canções e projectos musicais a concurso, este ano, no Festival da Canção?

EF - Quem sou eu para julgar o trabalho dos outros… Bem sei quantos afazeres já me deu A Tua Voz. A cada canção pertence uma historia, um cheiro, uma cor, uma vivência. A música não foi feita para ser discutida, mas sim ouvida. Em tempos ela trazia uma mensagem para a amada, escondia códigos secretos á Revolução e assim tem que a manter, verdadeira e sentida.

EscP – Tendo em conta a sua experiência pessoal, e a sua ligação à diáspora portuguesa, nomeadamente em França, considera importante o papel do Festival da Canção como forma de reforçar os laços com os cidadãos portugueses espalhados pela Europa e pelo Mundo?

EF - A música sempre teve essa função, unir pessoas que de alguma forma têm características comuns, que se identificam ao tema ou á pessoa que o canta. Recordo-me que quando de pequenina visualizava a Eurovisão, torcia sempre por três países: França, Espanha e Portugal. Como residia em França era óbvia a minha estimação, de Portugal vinha o meu pai e de Espanha a minha mãe. Hoje estou por Portugal e por ele irei dar o meu melhor; foi Ele que um dia me ajudou a concretizar um sonho de criança e é por ele que irei dar o meu melhor…

EscP – Gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores do ESCPortugal e para os fãs da Evelyne?

EF - Sim claro,

Quero deixar um muito obrigada pelo apoio que me deram no ano passado. Muitos me acarinharam sem sequer o saber.
Queria também pedir para que continuem a zelar pela música nacional, não só nestes eventos anuais, mas também durante o ano inteiro porque só assim a nossa voz irá ser ouvida. Vejam o exemplo da Vânia: há dois anos era idolatrada; e agora?
Quero deixar um beijinho especial à minha eterna equipa da Senhora do Mar e a todos os que nos apoiaram em Belgrado.
A próxima mensagem é dirigida a todos os concorrentes deste ano: Vamos festejar a música nacional!!! Vamos divertir-nos e unir-nos pela música!!! Vamos criar um mega, super ambiente e distribuir sorrisos… Um amor em comum uniu-nos, esse amor é grande demais para ser discutido ou competido…
Boa sorte!
Um beijinho enormeeeeee aos que leram esta entrevista até ao fim, eu não sei se seria capaz 

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